Por volta de 2001, quando a era dos downloads atingia ferozmente o mercado da música, para o bem ou para o mal, diante dos meus olhos distraídos, encontrei na liquidação de uma loja de cd’s, de cujo nome não me lembro, mas que também deixou de existir, o álbum La Línea da mexicana Lila Donws. Na capa, Lila, de traços fortemente indígenas, olhava para o horizonte. Viam-se também os colares e a vestimenta artesanal, indígena. Pensei que seria mais uma “imitadora” da Frida Kahlo, mas na música? Frida também cantava? Todo delírio é possível quando se trada da febre da moda. Porém, na capa de trás do disco, uma dedicatória espantosa sobre a foto de um “mestiço” escalando o famoso muro que separa o México dos Estados Unidos e, embaixo, um vira-lata observando o movimento: “dedicado a todos los migrantes y a los difuntos que han muerto cruzando la línea.”

OBS: No dia 24 de agosto, deste ano, 2010, foi noticiado o massacre de 72 imigrantes que tentavam cruzar la línea, entre eles, quatro brasileiros.
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