sábado, 26 de fevereiro de 2011

[...]

Te avisei que a cidade era um vão. 


Centro do Rio, 25 de fevereiro de 2011.Foto: Marcos.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Fotografia e Poesia: Felipe Abud.


Da mesma forma em que hoje se proliferam os “escritos”, principalmente, pelo cyber-espaço, a imagem, a fotografia, também vive o seu momento de esgotamento. Todos são escritores e todos são fotógrafos, mas poucos, muito poucos, são artistas, possuem sensibilidade, feeling.  Sendo assim, presto aqui minha homenagem e minha admiração pelo fotógrafo Filipe Abud, meu poeta favorito das imagens.


Da série PELO CEARÁ


Da série JANELAS


Da série PELO CEARÁ

Da série FRANÇA
(uma das minhas fotos preferidas, detalhe pra Jana, esposa do fotógrafo)

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Perturbação- Carlos Drummond

Quando estou, quando estou apaixonado
Tão fora de mim eu vivo
Que nem sei se vivo ou morto
Quando estou apaixonado.
Não pode a fera comigo
Quando estou, quando estou apaixonado,
Mas me derrota a formiga
Se é que estou apaixonado.
Estarei, quem, e entende, apaixonado
Neste arco de danação?
Ou é a morta paixão
Que me deixa, que me deixa neste estado?





OBS: enquanto não escrevo o post anterior, fica o Carlos.

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Todesfuge e Regina Spektor (post em construção)


Paul Celan por David Bolduc in
http://www.davidbolducwork.com/paper_portraits.php
Fuga da Morte (Todesfuge )*




Leite negro da madrugada nós o bebemos de noite
nós o bebemos ao meio-dia e de manhã nós o bebemos de noite nós o bebemos bebemos
cavamos um túmulo nos ares lá não se jaz apertado
Um homem mora na casa bole com cobras escreve
escreve para a Alemanha quando escurece teu cabelo de ouro Margarete
escreve e se planta diante da casa e as estrelas faíscam ele assobia para os seus Mastins
assobia para os seus judeus manda cavar um túmulo na terra
ordena-nos agora toquem para dançar
Leite negro da madrugada nós te bebemos de noite
nós te bebemos de manhã e ao meio-dia nós te bebemos de noite nós bebemos bebemos
Um homem mora na casa e bole com cobras escreve
escreve para a Alemanha quando escurece teu cabelo de ouro Margarete
Teu cabelo de cinzas Sulamita cavamos um túmulo nos ares lá não se jaz apertado
Ele brada cravem mais fundo na terra vocês aí cantem e toquem
agarra a arma na cinta brande-a seus olhos são azuis
cravem mais fundo as pás vocês aí continuem tocando para dançar
Leite negro da madrugada nós te bebemos de noite
nós te bebemos ao meio-dia e de manhã nós te bebemos de noite nós bebemos bebemos
um homem mora na casa teu cabelo de ouro Margarete
teu cabelo de cinzas Sulamita ele bole com cobras
Ele brada toquem a morte mais doce a morte é um dos mestres da Alemanha
ele brada toquem mais fundo os violinos vocês aí sobem como fumaça no ar
aí vocês têm um túmulo nas nuvens lá não se jaz apertado
Leite negro da madrugada nós te bebemos de noite
nós te bebemos ao meio-dia a morte é um dos mestres da Alemanha
nós te bebemos de noite e de manhã nós bebemos bebemos
a morte é um dos mestres da Alemanha seu olho é azul
acerta-te com uma bala de chumbo acerta-te em cheio
um homem mora na casa teu cabelo de ouro Margarete
ele atiça seus mastins sobre nós e sonha a morte é um dos mestres da Alemanha
teu cabelo de ouro Margarete
teu cabelo de cinzas Sulamita
Regina Spektor,
Aprés moi trad. http://letras.terra.com.br/regina-spektor/585607/traducao.htm









*Tradução de Modesto Carone em Quatro Mil Anos de Poesia, Editora Perspectiva

domingo, 30 de janeiro de 2011

A FACE GELADA E PÁLIDA DESTA MANHÃ DE QUARTA-FEIRA - poema de Fernando de Sousa

por todos os motivos que nos prendem


A face gelada e pálida
— quando deveria cálida
degelar o frio do tempo,
amansar as runas da história,
convergir-lhe as trajetórias,
montar do tempo um entretempo —

desta manhã de quarta-feira
foi-me à face sobremaneira
que, ao roçar feroz a minha,
deu de longe a tua memória
mais febril e venatória
que tua imagem descaminha.

26/01/11


OBS: obrigada, meu amigo.

"Um dia, um Adeus"


Ontem, ouvi esta versão de "Um dia, Um Adeus" do Guilherme Arantes pela Vanessa da Mata.  Excelente para cultivar saudade nesses dias chuvosos. Perfeito para masoquistas musicais.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Janela Quadriculada

foto: Marcos

Oswald de Andrade

No Pão de Açúcar 
de cada dia
Dai-nos, Senhor
a poesia
de cada dia

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Valentina


A chuva também me trouxe uma virose...chuvaaaaaaa
Mas, posto aqui a foto da minha Valentina!
bjs

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Dia de Chuva...

é dia bom pra gato...


Eliseu e sono dos justos

Poema Sujo [fragmento]





Ferreira Gullar em seu escritório


[...]   


             eu não sabia tu          
                não sabias              
               fazer girar a vida

                        com seu montão de estrelas e oceanos                 
                                                                       entrando-nos em ti


                                                                                                                   [...]

   mas está comigo está
perdido comigo       
teu nome      
 em alguma gaveta 

Ferreira Gullar



OBS: também sonhava com Gullar.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Selo de Qualidade


Ganhei esse selo da amiga Fernanda Lym! Fiquei muito lisonjeada, uma vez que ela é blogueira assídua. A Nanda é dessas pessoas que descobrem tudo na internet, coisas interessantes mesmo, já eu sou mais lentinha.Agora é a minha vez de distribuir os meus selos, se é que tenho a mesma autoridade bloguística da Nanda, mas lá vai:

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Nunca fui primeira dama

Nunca fui primeira dama,Wendy Guerra, Benvirá, 2010.
Tradução: Josely Viana Baptista

Vi Wendy Guerra a primeira vez no Programa do Jô para divulgação de seu romance Nunca fui primeira-dama na FLIP de 2010. No livro, Nadia Guerra, alter-ego de Wendy, encontra-se diante dos fragmentos da memória de uma mãe que a abandonou quando tinha apenas 10 anos de idade.  Na reconstituição dessas memórias, a narradora toca em temas tabus como a questão do papel da mulher na revolução cubana, no caso, o papel de Celia Sanchez, a secretária de Fidel Castro. Outro ponto interessante é a posição anticastrista tanto da personagem ficcional como da escritora que, ao mesmo tempo, se nutre de patriotismo (arma ideológica dos regimes totalitários) e se mistura com a existência física de cada um com a existência da ilha.
 Nunca fui primiera-dama tem entrada proibida em Cuba, mas leitura concluída, aqui, neste blog.

Escritório

Meu novo local de trabalho. Destaque para Valentina à janela.Jornada puxada essa nossa!

domingo, 16 de janeiro de 2011

GAZEL DEL AMOR DESESPERADO


 Federico García Lorca




La noche no quiere venir
Para que tú no vengas,
Ni yo pueda ir.

Pero yo iré,
aunque un sol de alacranes me coma la sien.
Pero tú vendrás
con la lengua quemada por la lluvia de sal.

El día no quiere venir
Para que tú no vengas,
Ni yo pueda ir.

Pero yo iré
entregando a los sapos mi mordido clavel.
Pero tú vendrás
por las turbias cloacas de la oscuridad.

Ni la noche ni el día quieren venir
para que por ti muera
y tu mueras por mí.




*Gazel é um tipo de forma poética(http://recantodasletras.uol.com.br/teorialiteraria/1328902). Lorca voltava-se principalmente para os temas e as formas poéticas tradicionais da Espanha, embora tenha flertado com o surrealismo durante o período em que passou em Nova York. "Gazel del Amor Desesperado" foi retirado do livro Diván de Tamarit  cujo tema central é o amor e suas frustrações. Lorca foi assassinado em  19 de agosto de1936 pela ditadura franquista.